Viajante desconhecido

13:25

Eu sei, eu pareço a louca que só fala sobre relacionamentos, talvez eu seja mesmo, mas em minha defesa eu digo que esse é um assunto sério pra mim, porque quando a gente decide dividir a vida com alguém e deixamos que essa pessoa nos acompanhe, estamos mudando a rota da nossa vida, é como se a gente estivesse viajando e déssemos carona pra um desconhecido que acaba virando nosso amigo no caminho, não é qualquer momento, não é uma escolha comum como escolher uma roupa numa loja, a gente renúncia muita coisa pra estar com esse novo amigo, a gente deixa de ir pro nosso destino do início pra chegar a um novo lugar juntos se for preciso, a gente sai da nossa zona de conforto pra ele se sentir bem, se sentir seguro do nosso lado, a gente faz de tudo pra que esse desconhecido viajante não queira descer e pegar carona com outro alguém, não por insegurança, mas é que é bom ter companhia na viagem, é bom dividir as histórias que se formam no caminho, é bom contar e rir delas no final. 

Em todo o trajeto a gente agradece por não estar sozinho, chegamos a pensar em como seria bom ter encontrado esse desconhecido logo na primeira parada, nossa, como é bom saber sobre ele, rir com ele, ouvir essa pessoa contar sobre a sua vida e como pra ele também é bom te acompanhar, a gente fica meio bobo, querendo parar pra olhar a paisagem a cada curva, queremos mostrar cada coisa bonita pra ele, queremos descobrir o mundo juntos, já começamos a sonhar em quando os bancos de trás estarão preenchidos com novos viajantes mirins (ou não), ah como é bom viajar acompanhado. 

É uma pena que muitas vezes a viagem vá ficando silenciosa e a gente não sabe o que fazer pra retomar toda a euforia do início, uma pena que as vezes as pessoas achem que no banco do carona o silêncio precisa reinar pra não atrapalhar o motorista, alguns acham que conversar sobre qualquer coisa, mesmo que insignificante é perda de tempo; pois eu digo que não é e que quando a gente decide colocar alguém dentro do nosso veículo e deixamos que essa pessoa nos acompanhe em nossa viagem, tudo o que a gente quer é que o "barulho" do começo continue a ecoar até o final, até porque foi por isso que a gente aceitou companhia, sabemos que não depende só dele, mas se mesmo depois de todas as tentativas pra fazer a viagem ficar emocionante como era no início, o silencio ainda predominar, a gente começa a lembrar de como a viagem era antes desse viajante desconhecido e vemos que mesmo sem ele a gente era feliz e que no fundo, bem lá no fundo a gente consegue finalizar sozinho, o tempo com ele foi bom e ele chegou no seu destino, mas a gente não, a gente ainda tem uma viagem longa pela frente (lembra do destino do começo?) ele pode conseguir outra carona, a gente pode conseguir outro desconhecido, podemos até nos reencontrar no futuro, o que importa é que os dois estejam felizes, não é? 
Fim. 

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